Os gatos, sempre os gatos…
Há quase dois anos, numa coinciência enorme, eu fiz a ‘ponte’ entre um gato abandonado e uma pessoa que o queria. O gato abandonado era um gigante já castrado, doce, amoroso, dono de um imenso par de olhos azuis. A pessoa que o queria, bem… Ela o quis quando bateu os olhos nele, e quis ele. ELE. Não servia outro, e ela não estava a procura de um gato para adotar, mas o viu e assim foi.
Fui levá-lo até o novo lar. Lá o esperavam, além de outros irmãos de 4 patas, um irmãozinho humano e sua mãe. Foi uma doação/adoção absolutamente instintiva: a sensibilidade naquela casa quase dava para ser tocada com as mãos. Viemos embora, eu e o Cris, e eu não conseguia deixar de pensar naquilo.
Foi quando me deparei com isso, escrito em seu perfil no Orkut, pela nova mãe do gatão que doei:
“Quando seu pai desapareceu o meu maior desespero era saber q nunca mais eu seria compreendida”
Eu não poderia me identificar com nada – nada! – mais do que me identifiquei com isso, e então eu compreendi a razão pela qual eu me deixei guiar pela intuição naquela adoção. E foi a melhor coisa que fiz.
A adaptação dele não foi fácil, mas ele deu a sorte de ter ganho uma mãe (e um irmão humano!) que conheciam muito bem o que é ter que se adequar a uma nova vida e tiveram toda a paciência que existe. Mas não, não é disso que eu quero falar, apesar da importância, da relevância e do tamanho do amor que representa.
Foi decisivo para mim, enquanto pessoa e enquanto esposa, ter me encontrado com ela e com sua história. Foi como um soco no estômago ter identificado em outra pessoa um amor como o meu, uma história como a minha, obviamente que salvas as particularidades. Mas o amor, aquele em seu estado mais bruto e puro, estava lá como é aqui. Foi a primeira e acho que a única vez na vida em que me deparei com uma mulher que senti que podia entender exatamente o que eu sentia pelo meu marido sem que eu jamais tenha precisado dizer uma única palavra.
Ela teve seu amor, como eu tenho o meu. Ela viu esse amor se tornar dois quando seu filho chegou. Ela perdeu o seu amor, e isso ainda não aconteceu comigo. E eu não posso imaginar o rombo que ela carrega onde tinha um coração antes, e tenho certeza de que eu não seria forte como ela. Mas ela é: por ela e pelos filhos, pelo Santhiago.
É dessas pessoas que a gente passa a vida admirando em silêncio e tentando tomar coragem de se declarar pra elas. De dizer o quanto preza, o quanto se identifica, o quanto admira. O quanto queria fazer algo. Eu que não sou lá muito dada a constrangimentos já deveria ter dito isso, mas não disse.
Não ao menos até ontem. Ontem eu disse.
Quero fazer mais por eles, e quero arrumar uma forma de fazer isso.
Saber que há alguém que sabe o que é ser livre, ser respeitada e pertencer com toda a força a outra pessoa é um presente… É deixar um pouco de se sentir sozinho. É saber que há quem possa te olhar e saber como tudo acontece sem que você diga uma palavra… É um encontro, um reencontro.
Sônia, obrigada por isso.
Um beijo enorme.
Tati, depois eu volto viu?
eu não tenho nem capacidade de raciocínio nesse momento.
beijo
mas eu vou voltar.
Oi, Tatiana. Vim ler seu post, linkado pela Sônia.
Que bom saber que bem eprtinho dela tem alguém que é verdadeiramente amiga e ama essa moça com carinho.
Se eu morasse perto, já a teria conhecido também.
Cuida bem dela! Ela merece.
Beijo!
Tatis,
Você já ouviu falar da Cris Guerra, de Belo Horizonte? Essa frase que você citou, esse amor, essa dor, esse sentimento todo transborda no blog que ela fez para tentar lidar com a perda do pai do seu filho, que morreu dois meses antes do nascimento dele. Quando comecei a ler este post, pensei que você estivesse falando dela… chorei do começo ao fim quando li o que ela escreveu. E olhe que devo conhecer só uns 10% do que é essa dor…
O blog se chama “Para Francisco”, e a postagem que mais identifico com o que você escreveu é essa:
http://parafrancisco.blogspot.com/search?q=compreendida
Beijo,
Marta
Lucia, muito obrigada pela sua visita e comentário! Encontrei Sônia de um jeito todo torto, mas foi muito bacana e sólido.
Pode ter certeza de que ficarei por perto sim =))
Bj!
Oi Marta!
Eu li o blog da Cris Guerra numa tacada só há uns dois anos, acho… Foi visceral. Esse pedacinho com o qual me identifiquei – mesmo sem ter perdido o meu norte, o meu porto – foi uma peça chave nessa história toda…
O mundo é curioso… =)) eu gosto muito.
Beijos!!